sábado, 31 de maio de 2008

SEM PALAVRAS


SEM PALAVRAS
OswaldoAntônio Begiato

Eu quero ser branco
feito de papel reciclado,
sem quadrículas,
linhas tortas,
palavras,
versos,
rimas,
pontuações,
ou segundas intenções.

Eu quero ser árido
feito de silêncio mortal,
sem gesticulações,
voz rouca,
palavras,
afetos,
abraços,
nenhum calor,
ou nenhuma grande dor.

Eu quero ser triste
feito uma canção inacabada,
sem movimentos,
sons formais,
palavras,
notas,
pautas,
perdidas ilusões,
ou maiores complicações.

A menos que,
com as mãos em conchas,
dilua tuas trevas,
resgate-me de tuas sombras
e recolha meus desencantos
ou liberte-me das palavras
não pesadas,
que sempre dizes,
como uma predadora de sonhos.

Um comentário:

ana wagner disse...

Lembranças, só as guardamos quando muito significam para nós! Boas ou não estarão sempre dentro de nosso coração e refletem nossa alma.
Lindo poema!