segunda-feira, 28 de maio de 2012

NOVOS HAICAIS


 NOVOS HAICAIS
Oswaldo Antônio Begiato


O NATAL NÃO MUDA

O feno aquecendo
O menino vindo pobre
Como hoje vem tantos.


EM BREVE

Entre o nascimento
E o passamento o tempo
Não é isonômico.


SUAVIDADE

Flor de cerejeira,
Guarda o conceito da vida:
- Bela, leve e breve.


PERDAS E GANHOS

Na balança, as perdas
Ocupam o prato menor.
A vida é prudente.


MEDO DE INFÂNCIA

Atrás do relâmpago
Vem o trovão barulhento;
Em breve a tormenta.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

PENSAMENTO


PENSAMENTO
Oswaldo Antônio Begiato

olhando teu corpo nu
fiquei pensando com meus botões:

quantas entranhas,
quantas entradas,
quantas entrelinhas,
quantos entraves,
quantas gavetas,
quantas vidraças,
quantos cômodos,
quantas chaves,
quantas curvas,
quantas medidas,
quantos desejos,
quantas senhas,
quantos mistérios...

meu Deus! quantos perigos, meu Deus!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

RESMUNGO


RESMUNGO
Oswaldo Antônio Begiato

Enquanto inocente,
Repetia palavras pequenas.

Enquanto apaixonada,
Repetia palavras fêmeas.

Enquanto enferma,
Repetia palavras resignadas.

Enquanto bêbeda,
Repetia palavras disparatadas.

Enquanto ensandecida,
Repetia palavras insensatas.

Enquanto poeta,
Repetia palavras novas.

Alheia de si, nada mais resmunga,
A não ser palavras sintéticas.

domingo, 6 de maio de 2012

SACRIFÍCIO



SACRIFÍCIO
Oswaldo Antônio Begiato

quantas avenidas
terei de transpassar
para chegar puro junto a ti
nesta noite livre?

quantas pétalas,
neste concreto,
terei de juntar
para fazer o buquê
que sonha tua idade,
que sonha tua cidade?

quantas abnegações,
nesta parcimônia,
terei que te oferecer
para mostrar um coração
rondando despojado,
rondando despejado?

quantos silêncios,
nesta catedral,
terei de violentar
para dizer o quanto te busquei
nas afiadas esquinas,
nas afiadas quinas?

quanto sal,
neste deserto,
terei de lamber
para provar um amor
sem nenhuma fresta,
sem nenhuma aresta?

quantas mortificações,
neste calvário,
terei de beber
para te oferecer o sangue
das largas feridas,
das largas avenidas?

quantas avenidas
terei de transpassar
para chegar puro junto a ti
nesta noite livre?