quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

RESSURREIÇÃO


RESSURREIÇÃO
Oswaldo Antônio Begiato

Ainda verei o cravo se soltar abrupto da palma da mão
E como cravo brotar de sementes sem água e sem chão.
Ao lado dele haverá de brotar arroz e a Última Flor do Lácio.

Sei que junto virá a chuva água abaixo, abundante e fértil;
Fará renascer fresca, por entre as rachaduras do solo estéril,
As minas emudecidas. Das minas surgirão rios caudalosos.

Na ara nua não haverá mais ofertas de sacrifícios cruentos.

Estaremos então, todos ressuscitados de nossos tormentos.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ANTEONTEM


ANTEONTEM
Oswaldo Antônio Begiato

Anteontem,
pé ante pé,
caminhei com anteolhos
por conta de uma antepaixão
que me veio de anteparo,
antepondo um dilema:
- Antes tarde do que nunca.

Diante de tudo isso
e ante minha descoberta,
fiz-me, antequanto,
ente e rente,
como dantes no quartel d’Abrantes.

domingo, 5 de dezembro de 2010

PRESUNÇÃO


PRESUNÇÃO
Oswaldo Antônio Begiato

Há no Universo estrelas tolas.

Uma não suporta
a luz da outra.

Elas amam a escuridão;
sabem que sem escuridão
sequer vida teriam.

Não queiram me dar notoriedade.

Nasci no fundo do mar
com o destino de ser ostra.
Vivo da iridescência do nácar.

Meu cenário é a escuridão,
mas jamais serei estrela.

Não terei luz para iluminar tua passagem,
mas te fornecerei pérolas
para que tu sejas a luz no meio da festa.