sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

CURVAS



CURVAS
Oswaldo Antônio Begiato

Nas tuas montanhas insondáveis e vastas
(Nádegas, seios e malícias)
Vagam minhas entranhas fecundas e castas
(Ventre, umbigo e delícias),
Por isso supor-lhe-á o mundo desvios tantos
(Volúpias, coxas e desejos),
A encher-lhe de insuportáveis e belos prantos
(Saudades, perdões e beijos).

Em tuas tenras e leves pétalas rasgadas
(Esterco, broto e tesão),
Nas tuas raízes à flor da terra e mal regadas
(Chuva, tardes e verão),
Renasço, livre como o vento, em tuas pegadas
(Areia, estrada e destino)
E me entrego a ti virgem e feliz como chegadas
(Sorriso, bocas e menino).

Com as mãos cheias de chaves, me libertas
(Elos, cadeados e segredos)
E no teu colo proibido e repleto de ofertas
(Sono, abandono e medos),
Zonzo, pelos labirintos de tua mente sadia
(Poemas, livros e mais ninguém),
Repouso, sem prisões, minha insana travessia
(A loucura é o meu maior bem).

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

SORRISO



SORRISO
Oswaldo Antônio Begiato

Para Vania Gondim

Enquanto entristecido
Por tantos desacertos,
Recebi, hoje,
Pelas mãos precisas
Do destino,
O livro de poesias
Que me mandaste.
Ele me chegou
Com teu breve
E incisivo perfume,
Com tua breve
E tímida dedicatória.

Como sempre,
Tua letra não estava bonita.

Mas quando as palavras
São perfumadas e bonitas
A letra não precisa ser.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A ROSA DE NOSSO ETERNO AMOR


A ROSA DE NOSSO ETERNO AMOR
Oswaldo Antônio Begiato

Naquele domingo à tarde,
em que todas as criaturas
se encantavam em calcular
a Unidade Astronômica
você veio com a idéia
de construirmos uma flor.

Você faria o projeto
da semente, da brotação...
A mim caberia fazer
a fórmula do perfume,
e o voto de eternidade.

E nós chama-la-íamos de
A Rosa de Nosso Eterno Amor.

Mas veio a segunda-feira
e com ela os homens frios,
com seus tratores pesados,
com suas mantas de asfalto,
nos enfeitaram com flores
construídas de plástico
e nos puseram no andor,
no andor cheio de passos,
cheio de passos alheios.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

...desce a noite



...desce a noite
Oswaldo Antônio Begiato

...desce a noite,
mas eu não gosto de
quando a noite desce,
me encho de temores,
me encho de covardias,
me encho de abandonos.


...desce a noite,
mas eu não gosto de
quando a noite desce,
me encho de escadas,
me encho de labirintos,
me encho de tropeços.


...desce a noite,
mas eu não gosto de
quando a noite desce,
me encho de perguntas,
me encho de vazios,
me encho de abismos.
.....................................................................................

...desce a noite,
mas eu gosto de
quando a noite desce,
me encho de estrelas,
me encho de luas,
me encho de anjos.

...desce a noite,
mas eu gosto de
quando a noite desce,
me encho de boemia,
me encho de vícios.
me encho de mim mesmo.

...desce a noite,
mas eu gosto de
quando a noite desce,
me encho de respostas,
me encho de encantamentos,
me encho todinho de ti.