quarta-feira, 25 de novembro de 2009

FORASTEIRA


FORASTEIRA
Oswaldo Antônio Begiato

Eu nasci mulher
E mulher vou caminhar.

Com meus olhos sagazes,
Com minhas sardas censuradas,
Com minha boca enfeitada,
Com meus seios valentes,
Com minhas coxas atrevidas,
Com meu sexo forasteiro...

Eu nasci mulher
E mulher vou caminhar.

Com minhas pernas próprias.
Com minhas pernas sóbrias.

sábado, 21 de novembro de 2009


ROSA MENINA DOS OLHOS DE ROSA
Oswaldo Antônio Begiato

Foi quando me ofertaste doce a rosa;
- Rosa menina dos olhos de rosa -
E perdão pediste por ser menina
Nas ecos vazios da vida menina
Ofertando a mim, menino pequeno
No meu viver de menino pequeno,
A rosa menina mais só do mundo;
- Linda menina dos olhos do mundo -
É que me fizeste tão apaixonado,
Eu, menino do mundo, apaixonado
Por ti e por teus olhos cor-de-rosa;
- Rosa menina dos olhos de rosa.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

PROMESSAS CUMPRIDAS


PROMESSAS CUMPRIDAS
Oswaldo Antônio Begiato

Venha ver o que, rara, nasceu ignota
Atrás de nossa casa velha e relha,
Em frente à varanda, ausente de nós,
Sob a sombra fria de nossas janelas.

Um pezinho inocente de margarida,
Pálida como a lua cheia no inverno
E frágil como as entregas ingênuas
Em noite de bem-me-quer dissimulado.

Por um instante completaremos o vazio
Que ficou no avesso do vaso colocado
Ao lado da foto de nossas promessas
Quando éramos esperanças mútuas.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

ALTIVEZ


ALTIVEZ
Oswaldo Antônio Begiato

Depois de percorrer
meus pensamentos confusos,
rebentado e escasso,
termino de escrever
a poesia nova,
rebento indócil
que me rasga todo dia.
Olho pra ela e dela rio. Sem muita razão.

E quando vou repousar
deixando-a no livro aberto
de quem a lê sem sofrimentos
com os olhos gordos,
ela livre e de ninguém,
fica toda cheia de zombas.
Olha para mim e de mim ri também. Com razão.

Deixamos assim
os pratos da balança
no mesmo nível. E o fiel com ciúmes.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

RODA GIGANTE

Esta foto a poesia ganhou da poeta Ana Paula Perissé.

RODA GIGANTE
Oswaldo Antônio Begiato

Busquei-te na eternidade
Que o tempo esconde
Nas entrelinhas do instante,
E só fui te encontrar,
Segundos adiante,
No meio de uma festa alheia,
Dançando sozinha, alheia,
Com tua cadeira de rodas
Como se a existência fosse
Uma roda gigante iluminada
Girando em falso.
E tu, a Senhora do Espaço,
Inconsumível,
Ilimitada.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

CHAMADO





CHAMADO
Oswaldo Antônio Begiato

Aqui no
Sul
Tem um
Sol
Que é só
Seu.

Venha!

Aqui tem
Céu,
Sempre
Cio
E pouco
Sal.

Venha!

Aqui eu
Sou.

Tenha!