quarta-feira, 11 de novembro de 2015

SONHO AO SOM DO MAR



SONHO AO SOM DO MAR
Oswaldo Antônio Begiato

Sonhei com você esta noite.

Tinha a seu lado um recém-nascido terno,
Lindo como sua testa séria,
Limpo como suas vestes brancas,
Sereno como suas renúncias.

Ele tinha olhos verdes e claros
Como a luz do sol, logo pela manhãzinha,
Penetrando o mar de Ubatuba,
Mesclando algas, o azul e a profundidade.

O menino era tão lindo! Você estava tão linda!

Trazia nos braços flores transparentes,
No colo uma cicatriz de estrelas,
No sorriso um futuro de caminhos retos
E uma porta que me convidava à sua alma.

Você me chamou para junto de ti com mãos de chegança.

Quando eu, incrédulo, lhe sorri uma promessa etérea
Seu corpo esvaneceu-se delicado entre as horas
Lançando-me para fora de minhas paredes foscas
Entre um soluço de dor e um pedaço de impotência.

Despertei carinhosamente triste.

Despertei com as mãos entre o espírito e a carne.