segunda-feira, 26 de outubro de 2009


NOSSOS OSSOS
Oswaldo Antônio Begiato

Quando me avisto
- ocluso e escuro -
polindo impávido
tua prata e teu ouro
fico a pensar se a espécie
de porcelana fina
com que me modelaram
não foi a feita com a cinza
de meus ossos
que o tempo exumou.

Quando me desespero
- recluso e confuso -
apalpando pávido
minhas vias e minhas veias
descubro a espécie de amor
com que me forjaste:
- Aquele, cheio de afetos,
feito com a lágrima
que te lavou e me levou
a morrer de saudades
quando morreste tu
de amor por mim.

Partiste tão sem demora
que nem pude eu fazer
das cinzas de teus ossos
a porcelana única e alva
para fundir-te altar
onde eu queria ver
entronizado meu amor por ti
- meu imorredouro amor por ti -
no supremo sacrário
de nossas rendições.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

sábado, 17 de outubro de 2009

CONTRADANÇA


CONTRADANÇA
Oswaldo Antônio Begiato

Te quero rubra
Te fazes branca
Te quero branca
Te fazes água
Te quero água
Te fazes jóia
Te quero jóia
Te fazes mulher

Te quero rosa
Te fazes nuvem
Te quero nuvem
Te fazes solo
Te quero solo
Te fazes vôo
Te quero vôo
Te fazes mulher

Te quero brisa
Te fazes vácuo
Te quero vácuo
Te fazes sopro
Te quero sopro
Te fazes vida
Te quero vida
Te fazes mulher

Te quero carne
Te fazes sonho
Te quero sonho
Te fazes pele
Te quero pele
Te fazes cheiro
Te quero cheiro
Te fazes mulher

Te quero rasa
Te fazes poço
Te quero poço
Te fazes seca
Te quero seca
Te fazes doce
Te quero doce
Te fazes mulher

Te quero terna
Te fazes vulcão
Te quero vulcão
Te fazes neve
Te quero neve
Te fazes fogo
Te quero fogo
Te fazes mulher

Te quero fênix
Te fazes cinza
Te quero cinza
Te fazes cheia
Te quero cheia
Te fazes colo
Te quero colo
Me fazes homem

terça-feira, 13 de outubro de 2009

PÉTALAS PLENAS


PÉTALAS PLENAS
Oswaldo Antônio Begiato

Leve meu peso leve
No teu cair descuidado
E me deixes vulnerável.

Serei, a ti, eternamente grata
Por teres chovido pedra
Nas minhas pétalas.

Pode agora a luz me atravessar sem dor.

Sou, sem ser efêmera, fêmea incólume.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

FORA DE PRUMO


FORA DE PRUMO
Oswaldo Antônio Begiato

Não quero ser
linha reta!

Não quero estar
no prumo.
Não quero estar
no nível.

Quero ser curvo!