domingo, 4 de maio de 2008

DESCOMPASSO




DESCOMPASSO
Oswaldo Antônio Begiato

Haveremos de viver como se nada tivesse acontecido;
Parados, não andamos,
Andando, não chegamos,
Chegando, nada fizemos.

Haveremos de viver como se nada tivéssemos causado,
Diremos que o que os olhos não vêem
O coração não sente.
Que não roubamos,
Mas não fizemos
Que não amamos,
Mas jantamos fora
Que não construímos,
Mas fomos concretos.

Nada haverá em nossos caminhos:
Nem espinhos,
Nem tumores,
Nem rumores de amores,
Nem beijos estúpidos,
Nenhuma estrela com nosso nome,
Nenhum filho com nosso sobrenome.

E quando se avizinhar a hora de colher a última pétala da margarida, seremos mal quistos.

Compreenderemos então
o quanto menos triste é a solidão
do que a companhia de um sapo
que jamais se tornará príncipe.

3 comentários:

Unknown disse...

Nossa Oswaldo....suas poesias têm sido belissimas, mas essa é especial, extraordinariamente encantadora, original!!! Ah meu Deus...quantos príncipes fantasiados de sapos cruzarão invisíveis por nossos caminhos ( de todas nós mulheres )...e por quanto tempo ainda, nossos súditos corações haverão de dar guarida, a mediocres sapos, simplesmente por não entendermos, que mesmo na solidão existe magia, e se a temos...jamais seremos sós....

Com carinho...Itália.

ana wagner disse...

É algo pra se pensar com todo o cuidado rsrs... Lindo como tudo que escreve!
Beijo meu.

Karla Julia disse...

Oswaldo,

Você escreve esplendidamente.Seus versos são forjados com sentimento e sensibilidade, com paixão e com dor. Você traz em cada poema o gosto pela palavra precisa, porém carregada de lirismo.
Amo sua poesia. Ela é plena, ela brilha
Beijos,querido Poeta

Karla Julia