sexta-feira, 8 de agosto de 2008

FOTO ÚLTIMA

FOTO ÚLTIMA
Oswaldo Antônio Begiato

Obrigado por guardar
em sua carteira
essa minha foto antiga.

Nela eu ainda tinha
cabelos longos
e barba
e linhas retas
e pele lisa
e infinidades
e simetria
e esperanças
e horizontes
e sonhos...

Tive que cortá-los,
ano passado,

por conta de um tumor
extraído de minha boca

(ela que já era muda
emudeceu-se ainda mais).

Foi a última foto minha
com o rosto ainda direito.

Agora ando torto,
sem medidas exatas,
sem nível,
sem esquadro,
sem ângulos retos,
sem arquitetura,
sem plástica,
sem prumo,
sem rumo...


Quanto à cor dos olhos,
pelos quais não lhe pude
proibir o encanto,
era espanto,

ou perplexidade,
ou intolerância,
ou irrequietação,

ou pavor,
ou tristeza,

ou despedida...

Sei lá.

Sei que não são mais assim
os meus olhos.

Os meus olhos
não são mais assim.

4 comentários:

Anônimo disse...

Continua sendo o rosto de um Poeta com alma de Poeta e coração de Poeta...Não é torto, pode ser sinuoso, como os mais belos caminhos da vida.
Beijos meus para para ti.

Anônimo disse...

Oi poeta lindo! Que poema mais deprê!
Vc escreve bonito mas anda muito tristinho. Vamos conversar um pouco que passa. bjs
Renata Castro

brih disse...

Oi poeta..qt intensidade passas nessa poesia...me curvo perante sua dignidade diante da vida..de sua coragem dem expor sua fragilidade ao falar de uma maneira poetica..sobre a dor que lhe vai na alma...és grande, poeta...entre a dureza da razão prefere a leveza da alma, o "sentir"..deixe que sempre sua doçura inerente aflore, através de suas poesias...meu incomensurável poeta...Que os Deuses protejam seu caminhar na existencia...Beijo sua alma belissima...BRI..

Anônimo disse...

Oi "Poeta Oswaldo"!
Qto amor neste coração grande.Me curvo diante da beleza de tuas poesias,e digo que elas são um verdadeiro bálsamo de luz e coragem.Que Deus te proteja hoje e sempre.
Acemi Fiuza