sábado, 30 de agosto de 2008

BALA PERDIDA

BALA PERDIDA
Oswaldo Antônio Begiato

Eu nunca consegui dizer:
- Eu te amo!
Por isso me fiz anoitecer
a teus olhos atentos
só pra te ver me cobrindo
com teu manto de luz
quando eu, escondido,
chorei invigilante
com medo do escuro
na esperança vã
de que feito lágrima labiríntica
pudesse eu te deixar perdida.

Perdida de amor
por mim.

Então me inventei poeta,
sem sê-lo,
para escrever versos escondidos
e neles, incólume,
declarar meu amor silencioso
na esperança vã
de que feito bala perdida
eles atingissem teu coração.

E tu morresses de amor
por mim.

Mas sequer notaste
com que roupa
eu pra ti me vesti.

Desdourado,
dobrei pela enésima vez
a camiseta púrpura
de fio escócia
com meus versos azuis
e teu perfume rosa
e a devolvi à gaveta branca
da cômoda verde
de minhas esperanças iludíveis.

2 comentários:

"Scacição" disse...

Muito bonito,gostei de ler e "saborear"!
E bíban los poetas!

São Sendim da arte na alma

Anônimo disse...

Minha poesia, borboleta libertada do casulo feito coração, vive em mim, por breve momento...
Voa pelas pontas dos dedos e vai roçar com asas azuis a pele branca do meu amor, em beijos de amor verde esperança.