BOCA E OUVIDOS
Oswaldo Antônio Begiato
Oswaldo Antônio Begiato
Houve um tempo
Em que quase tudo
era pouco.
Quase nada
era muito.
Pouca comida,
Pouco fogão,
Muita fome.
Pouca roupa,
Pouco chinelo,
Muita vergonha.
Pouca casa,
Pouco telhado,
Muita criança.
Pouca saúde
Pouco dente
Muita perda.
Pouca cama,
Pouco cobertor,
Muita noite.
Pouca bola,
Pouco brinco,
Muita espera.
Pouca coisa,
Pouco dinheiro,
Muita fadiga.
Pouca borracha,
Pouco caderno,
Muita poesia.
Mas era um tempo
Em que, em todos nós,
Poucos eram os verbos,
Poucas eram as bocas,
Muitos eram os ouvidos.
Nossas vidas se multiplicavam
Na humildade de quem ouve,
No respeito de quem se cala.
3 comentários:
Me sinto cúmplice nesse poema
pois lembra demais a minha infância.
Lindo Wado, como tudo que escreves!
Beijos
Ana W
Olá Oswaldo! Estou encantado com seu blog: os poemas incríveis, o layout perfeito, o clima familiar...tudo de
lindo! Amei essa imagem e o poema que tem muito da realidade brasileira.
Parabéns poeta!
Beijos da Re
Com esse dormirei, porque se reler chorarei...rsrs
Como não! A alma vem à tona lendo lembranças que são minhas, descritas por alguém abençoado ^^
Parabéns e obrigado.
Um "obrigado" é quase obrigação, pelo que você oferece de emoção.
abraços
"Mas era um tempo
Em que, em todos nós,
Poucos eram os verbos,
Poucas eram as bocas,
Muitos eram os ouvidos.
Nossas vidas se multiplicavam
Na humildade de quem ouve,
No respeito de quem se cala."
Postar um comentário