segunda-feira, 28 de abril de 2008

PARALELOS E DISTÂNCIAS

PARALELOS E DISTÂNCIAS
Oswaldo Antônio Begiato

Não sei porquê,
em vez de se abraçarem
no meio da rua,
ficam parados,
um em cada calçada,
e não se dão conta
de que as calçadas trincadas
são paralelas
e nunca vão se encontrar.

Não sei porquê,
em vez de se olharem
no fundo dos desejos,
ficam olhando
um para cada extremo
da rosa-dos-ventos.
Enquanto um vai pra o norte
o destino do outro é o sul
e não percebem
que a distância entre eles
aumenta a cada gesto.

Não sei porquê
eles se amam com esse jeito besta
de amar sem amar,
com essa coisa sem sentido
de amar pequeno.

Seria melhor que fossem pássaros.

Um comentário:

An disse...

Lindíssimo, como sempre.
São assim, os caminhos. Por vezes quando julgamos que caminhamos em sintonia, caminhamos apenas por perto. E nesse caminhar solitário, mais tarde ou mais cedo, com mais ou menos dor, iremos inevitavelmente sobrepor os nossos passos aos de alguém que irá ajudar-nos, dar-nos a mão, o afeto, o amor que nós merecemos. O destino precisa sempre de um empurrãozinho, de uma predisposição nossa para o aceitar, para o mudar.
E por isso digo que ... poderiam ter-se cruzado.
As pessoas movem-se sobre os caminhos, é óbvio, e pode até parecer que no território do amor, os caminhos parecem mover-se cada vez mais e em direções opostas, mas o cruzamento de caminhos nas nossas vidas, encontrados ou desencontrados, é o que mais vezes acontece...
E mesmo que os caminhos não se cruzem no futuro, posso dizer que sim, verdadeiramente, eles se tocaram no passado .
Espero um dia encontrar-te, sem te procurar.
Um beijo imenso e parabéns pelo blog.