sábado, 21 de janeiro de 2012

ARMADILHAS E FRONTEIRAS


ARMADILHAS E FRONTEIRAS
Oswaldo Antônio Begiato

Passei por tantas armadilhas,
Cruzei muitas fronteiras
Durante o tempo em que renascia
Nessa minha vida de errante.

Bonecos, somos todos modelados com o mesmo barro,
Pelas mesmas mãos.

De que me serviu dizer sempre a verdade?
Venci na vida?
Venci nada. Indigente envelheci.
E não é o tempo que envelhece,
É o abandono,
A falta de perdão.

(Aprendi que o dinheiro compra todos os perdões,
O resto é léria.)

E eu que sou inhenho incorrigível
Fui morrendo de tristeza e de vergonha.

Se eu soubesse que iriam espalhar pela internet
A foto descolorida de um escravo morto
Com os cabelos presos e a pele tenra
Eu teria colocado uma camisa mais bonita,
Dessas que obrigam o sol a nascer
Seis horas antes do funeral.

Talvez eu fosse festejado.

4 comentários:

Anônimo disse...

Meu querido Amigo e Poeta,vc cobre a Alma e o coração sofrido de quem te lê!
E como entendi esse sussurro de revolta,quase a medo que se tornasse em grito!
Como te entendo, Poeta!
Beijo.
isa.

Neneca Barbosa - Um ser humano em evolução! disse...

Parabéns querido Oswaldo! Poema cheio de metáforas, onde podemos ler nas entrelinhas o que tem de belo em sua alma.
Gostei demais desses versos:Bonecos, somos todos modelados com o mesmo barro,
Pelas mesmas mãos.
Muita paz meu amigo!
Um abraço carinhoso!
Neneca

Milene Sarquissiano disse...

Dói a poesia pela tristeza
Dói a poesia pela beleza
Dói ter que sair do blog...

Os olhos ficam entorpecidos e é impossível não ir às lágrimas com tamanha sensibildade.

DIVINO!!!

Marluce Aires disse...

Quanta beleza nas tuas palavras; és um verdadeiro e intelectual Poeta.Parabéns Begiato, por mais algumas belas poesias!