terça-feira, 14 de julho de 2009

ENRUBESCIDO


ENRUBESCIDO
Oswaldo Antônio Begiato

Era alvorejar no campo.
No ar um forte desejo de vôo se espalhava com a primavera.
O dia se mantinha adormecido,
cinza e frio;
sem sinos,
sem pincéis
e sem fornalhas.

O sol se ocupava em acariciar as outras faces da terra
onde os rios não se congelam e as sombras se multiplicam.

O beija-flor
- menino leve no meio de tão brusco abandono -
olhava a distância sem pensamento algum.
Onde estariam as flores de outrora?
Onde estariam as luzes da aurora?
Onde estaria o passar das horas?

Foi quando a mais delicada das orquídeas
aquecida pelas fornalhas do desejo intenso,
cheia de pétalas voláteis extraídas dos esplendores,
sem pudores,
e a alma pairadora em completa nudez
postou-se ao lado dele, toda promissora,
sob o repique brônzeo dos sinos,
enchendo-lhe os olhos de distâncias
e de asas seus pensamentos.

O beija-flor
enternecido de beijos e flores,
pejou-se todo.

4 comentários:

Serena Flor disse...

Seus poemas são simplesmente lindos!
Adorei ter chegado até aqui e pode ter certeza que virei sempre.
Um grande beijo e até mais.

Karla Julia disse...

Oswaldo,que escreveu um poema inesquecível.
Oswaldo, dos poemas que revelam ressonâncias e se aconchegam em nossos corações.
Oswaldo, das preces, mas que também do amor, da dor , da terra e da nossa condição humana.
Oswaldo, simplesmente , um homem que escreve...e muito!!

beijos,
mais toda minha admiraçã
Karla Julia

Anônimo disse...

Querido Poeta poesia linda...teu espaço esta lindamente poetico..bjus meus

nolivia disse...

Querido Poeta poesia linda...teu espaço esta lindamente poetico..abs
Nolivia