domingo, 22 de junho de 2008

ESTRANHEZA


ESTRANHEZA
Oswaldo Antônio Begiato

Exausto de mim mesmo,
Lancei-me dentro do espelho
À procura de meu sentido.

Todas as minhas marcas,
Todas as minhas manchas
De nascença
Tinham sumido.

Eu era um estranho
À busca de meu princípio.

Havia em mim agora
A frieza de um azul incontável
E a profundidade de um oceano
Corrompido pela superfície do vidro.

Sem ostras retraídas.
Sem pérolas inatingíveis.
Estava eu dissecado.
Indefeso.
Encantado.

No mergulho que me deixei dar
No fundo do espelho de meus inversos,
Foi que me reconheci;
Bem quietinho, bem escondidinho,
Alojado em meu lado esquerdo.

O espelho tem esse vício encantador:
O de mostrar o sentido,
O de mostrar o princípio
Sempre pelo lado esquerdo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Então agora você se encontrou na cumplicidade do espelho, Poeta.
É no espelho, na interminável solidão, na ambígua intimidade de nós mesmos, que admiramos a única nudez da nossa vida antes de vestirmos nossas máscaras diárias.
Viaja agora sem limites,tens o azul do céu e as asas de um anjo...
Voa no sonho...
Um dia talvez possamos encontrarmo-nos nessa viagem e aí, partilhar a alegria de saber que ambos crescemos,e conseguirmos sentir novamente o sorriso.
Vives para sempre no meu coração, jamais deixarei que caias no meu esquecimento...

ana wagner disse...

Lindo e tecnicamente perfeito.
Parabéns!

Anônimo disse...
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