quinta-feira, 3 de junho de 2010

MINHA NAMORADA


MINHA NAMORADA
Oswaldo Antônio Begiato

A minha namorada
Tem nos olhos sorrisos,
Nos lábios um azul,
Nos cabelos flores brancas
E pensamentos avulsos.

Nos seios tem sutiãs
Soltos,
Nos ombros,
Alças brancas
De um desejo que se revela pagão
E me convida pro batismo de fogo.

Tem no ventre
Uma dança livre
E uma renda
Bordada à mão
Com entrelinhas maliciosas.

Tem entre as pernas
Um vão livre arquitetônico
Onde cabem entradas
E saídas
Nunca antes desenhadas,
Nunca antes projetadas.

As mãos são carícias
Que o tempo não impede
E a vida não proíbe.

E quando
suas
mãos
Alternam-se
em
Cume
e
Alicerce
Seu
corpo
ganha
Graça:

Um edifício;
O mais alto da cidade.

Quando nua se deita
O ambiente em volta desaparece
E a lua passa a ser do tamanho
de uma bolinha de gude
feita de aço inoxidável.
Seu sono invade o corpo:
Dormem cabeça e tronco e membros
E dorme a alma
E dormem os lençóis e as colchas.


Se olha,
Olha longe,
Olha perto,
Olha no olho,
E nos olhos se lê
Todo o seu desejo,
Que nunca foi secreto,
Mas que sempre esconde de mim
E eu sempre descubro.
E, olhando,
Deixa-se possuir
E possui
Nas horas normais
E nas extras,
Exaurindo-se
Em pêlos ouriçados
E peles em chamas.

Depois desperta,
Mas permanece sonhos
Que nunca se esvaem,
Que nunca se realizam.

E há tantos cabelos em sua nuca
Que nunca se esgotam,
Nem mesmo quando o vento lhe arranca desatavios.

E em seu corpo
Há tantos pêlos transparentes
Que o corpo se multiplica
em milhões de outros corpos
transluzentes.

Os cabelos caídos sobre os seios
São cascatas e cachoeiras
E quedas de brilhos,
Que refrescam os olhos de quem vê
E a boca de quem prova.

A silhueta se faz majestade:
Turbilhão de onde saem magias
E entram intenções;
E se seu braço abraça o seio
No seio da luz que a ilumina alucinada
Ela vira espírito,
Sopro,
Fada,
Fantasia...


Seu perfil é montanha selvagem,
Abismos íngremes,
Vácuos inexploráveis.
Os poros criam erupções
Por onde saem salsas-ardentes
E purezas inesgotáveis.

Suas curvas desdobram-se em perspectivas
Que vão de um tornozelo a outro,
De um bico a outro,
Por onde andam bondinhos de pão e de açúcar.

Seus arrepios esboçam suas nádegas
Em duas partes simetricamente arredondadas,
Simetricamente saborosas:
Perdição de caminhos
Nas curvas sinuosas,
Nos horizontes de delicadezas.

Tudo nela não faz sentido.
E tudo é tão preciso.

É poesia que escorre pelo corpo
Sem rimas,
Sem curso,
Sem trilho,
Sem guias,
Sem limites,

Ela é minha namorada.

10 comentários:

Sél disse...

Seguindo suas palavras, caminhamos junto com você pelo corpo da "namorada".
Sutilmente ^^

Abraços Oswaldo, muita luz e inspiração (acho q isso vc tem de sobra! rsrs)
Fique com Deus e aproveito prá te desejar um fim de semana abençoado.

Anônimo disse...

Que lindo! Minha namorada está lindo, muito lindo!Como sempre... Tudo o que você escreve é lindo!

Milene Sarquissiano disse...

Então...
É tudo tão intenso e tão suave,ao mesmo tempo.

Masturbei meus olhos com a tua namorada,e sem nenhum pudor, dei gozo à alma.

Bravo, poeta!

Beijo

Milene

Emilene Lopes disse...

Linda e envolvente poesia...
Bjs
Mila

Anônimo disse...

Meu querido Poeta,meu Poeta eleito,
do sim e do não!Da belíssima sensualidade,da palavra que sai do coração e dos sentidos!
Amar assim,ñ necessita de rima,de
coerência!
Para quê tudo isso? Basta o amor eo desejo.Todo o resto é nada!
Beijo.
isa.

Helena Castelli disse...

É poesia que escorre pelo corpo...

Estou admirando cada palavra desse texto maravilhoso que voce oferece, para deleite de todos quantos aqui habitam - especialmente eu.

Com carinho.
Helena

Neneca Barbosa - Um ser humano em evolução! disse...

Que belo texto, meu querido poeta.
Sua sensibilidade penetra em nossa alma, nos deixando em êxtase.
Um abraço carinhos, Neneca.

An disse...

“Tudo nela não faz sentido.”
Ela é assim porque é como a nuvem, tem alma de água e rasga as cores do arco-íris para pintar momentos vividos entre a dor e a alegria no mar dos poemas seus.
Ela é assim porque não pode chamá-lo, gritar alto o seu nome, para não acordar o sonho e então segreda ao vento e cochicha aos bem-te-vis segredos de portas escondidas e rotas há muito esquecidas... Murmura-o por entre a música nas pausas de uma canção
Ela é assim porque traz nas mãos o murmúrio da seda, na voz os tons da saudade e nos olhos gotas de luar...
Ela é assim, como disse a Milene, tão intensa e tão suave ao mesmo tempo.

Unknown disse...

Tem selinho aqui prá voce.

"Prá Frente Brasil!!!!!

Venha buscar o seu.
SAUDAÇÕES BRASILEIRA! M@RIA

ana wagner disse...

MAGNÍFICO!
Parabéns meu eterno mestre!
Beijos e saudades,
Aninha