quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

POTE DE VIDRO


POTE DE VIDRO
Oswaldo Antônio Begiato

Tudo o que eu queria,
nas minhas infindáveis horas de desamparo,
era a companhia de um pote de vidro gordo e redondo
cheio de gomas coloridas e açucaradas,
e outro de bolinhas de gude,
coloridas e de todos os tamanhos.

Quando moleque, eu tinha só esses dois sonhos;
eles faziam meu abandono parecer dádiva.

- Por serem doces e coloridos, acho.

Por que será que nunca sonhei com mãos meigas,
com colo me aquecendo
e com histórias me fazendo adormecer?

Por que será que nunca sonhei com lápis apontado,
com uma borracha indestrutível
e com palavras me fazendo a dor me ser?

Por que será que até hoje
tenho só esses dois sonhos
- gomas e bolinhas de gude coloridos -
adormecidos nas prateleiras empoeiradas da paciência
em potes de dores que nunca consigo abrir?

- Por serem gordos e redondos, acho.

2 comentários:

Anônimo disse...

W! Acho que esse pote de vidro sou eu rsrs Lindo poema e lindas metáforas. Bem, eu jamais esperaria menos de ti. Parabéns!
Beijos
Ana Wagner

rua do mundo disse...

menino
tô esperando vc na rua do mundo pra receber seu prêmio e ler as regras
bjsssss