sexta-feira, 16 de setembro de 2016

SEM MAIS DIREÇÕES

SEM MAIS DIREÇÕES
Oswaldo Antônio Begiato

Eu vou indo... Vou indo;
Lidando com minhas sequelas,
Ingerindo inúmeras drágeas,
Frequentando agulhas
E rindo de minhas impotências.

Parte de minha feição ficou pelo caminho,
Pelo caminho ficou também parte de meu coração.
De sorte que perdi  a pouca beleza que me fortalecia
E o pouco amor que me sacudia.

Não sou mais tormenta. Não sou mais demência.
Repouso sereno como olhos sobre flores.

Não consigo encontrar meu sexo;
Não fico afoito.
Não consigo encontrar meu prazer;
Não fico febril.

Por dentro sou manso;
Um barquinho ancorado num lago entre montanhas verdes
Sem movimentos. Quando consigo me mover, movo-me com lentidão.

Não sou mais homem de arroteamentos,
De horizontes longínquos,
De sonhos arrebatadores.

De tantas direções restou-me apenas uma:

- O silêncio derradeiro.

3 comentários:

Maria Helena Mueller - Lelê disse...

Me vi neste poema...
Abraços com carinho, Lelê

Marluce Aires disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marluce Aires disse...

UMA PASSAGEM REAL DA NOSSA VIDA ESCRITA NUM BLOG DE UM GRANDE ESCRITOR. SAÚDE E MUITA PAZ MEU AMIGO.