sexta-feira, 3 de abril de 2009

SEMEADORES DE DESVELOS


SEMEADORES DE DESVELOS
Oswaldo Antônio Begiato

Há dias em que
o mundo cheira mal.

As notícias cheiram mal.
Os valores cheiram mal.
As atitudes cheiram mal.
Os homens cheiram mal.

Há dias em que
há no ar um forte cheiro
de desesperança.
Há no ar um forte cheiro
de indelicadezas.

Nesses dias
sinto uma saudade imensa
do pé de dama da noite
que minha mãe regava,
toda tardinha,
nos tempos de estiagem
e das mudas de lichia e jabuticaba,
produzindo,
com as quais meu pai
presenteava os amigos
que tinham quintal.

Havia no gesto delicado deles
uma indescritível esperança.

Uma esperança de perfume!

Um comentário:

Ignez Poesias disse...

Bonito poema,mesmo quando fala das palavras duras e inconsistentes. Das suas mãos elas caem na folha de papel suaves e densas

beijos Ignez