segunda-feira, 9 de março de 2009

HORAS



HORAS
Oswaldo Antônio Begiato

Vieste buscar as horas
Que, quando ainda jovem,
Deixaste abandonadas
No pêndulo do relógio?

Elas trincaram a pele
Do reboco que escondia
A fraqueza das paredes
E a insolência do passado
E descoloriram a retina
Das cortinas que protegiam
A sala das vidraças, do sol
E dos maus olhados.

Leve-as contigo.
Guarde-as.

Guarde-as como quem guarda
O pão caseiro,
No forno do fogão
Cobertas por um pano de prato
Para que testemunhem a saciação
De quem as quer consumidas.

Guarde-as como quem guarda
A aliança de noivado,
Na caixinha de música,
Para que denunciem a subtração
De quem as quer furtadas.

Guarde-as.

Porque elas te encheram a vida de tempo
E lhe farão experimentar o fim.

2 comentários:

Aninha disse...

Teus poemas cada vez mais se parecem contigo! rsrs Comentário estranho, mas é assim que vejo. Parece que escuto vc falando o poema...
Lindo, W! Parabéns!
AW

Maithê disse...

Beggy atho!

Muito belo esse poema!
Parabéns!
Quero que saibas que guardarei a nossa amizade..assim..feito uma jóia "rara" por isso a guardarei dentro do meu coração e dentro da minha caixinha de música...no criado mudo ao lado da minha cama.

Beijos