quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A MINHA ALDEIA

Vila Rami - Jundiaí - São Paulo - Brasil
E pensar que minha aldeia foi tão pequena

VILA RAMI, SUBSTANTIVO PRÓPRIO FEMININO
Oswaldo Antônio Begiato


Minha aldeia, quando ainda era aldeia
E eu mais aldeia ainda no meu apoucamento,
Fez-me extasiar por suas mulheres.

Mulheres Almeidas - meigas e tenazes,
Mulheres Beneditas e tantas outras benditas:
Rezavam e trabalhavam – Trabalhavam e rezavam,
Mulheres Nogueiras: extrato e remédio
Lídias: femininas de lírios
e tantas outras abençoadas:
benziam amor e quebranto.

E havia mulheres artesãs
- modelavam louças e caráter
e fiandeiras dóceis
- teciam tecidos e ilusões
e panificadoras hábeis
- amassavam o pão e modelavam a hóstia
e cozinheiras abnegadas
- multiplicavam o alimento e os amores
E varredoras eficientes
- limpavam quintais e lágrimas
e industriárias registradas em carteira e sem registro civil
- transformavam a matéria prima em poesia concreta.

Havia donas-de-casa submissas
- preparavam a casa e seus filhos para seus maridos que chegavam cansados e bêbados
(As donas de casa morriam sem nunca ter vivido)

Todas eram mães extremadas.
Todas santas circunspectas.

Retenho na memória a lembrança dessas mulheres
E de tantas outras mulheres fortes,
meus amores primeiros:
- Mulheres grandes de minha aldeia pequena!


Dentre elas amava uma pequenina grande rainha
(Minha mãe era pequena e se chamava Regina)
Cujas preces Deus ouvia com zelo especial
Pra me fazer crer que minha aldeia
Era um pedacinho do céu... E eu acreditava piamente

- Foi lá que aprendi que mulheres são gigantes!


Um comentário:

Betânia Uchôa e seu universo in versos disse...

Gostei muito dos seus versos poeta, parabéns!!!