sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MILAGRE

MILAGRE
Oswaldo Antônio Begiato

Infarto fulminante
matou o relojoeiro.

A família descompensada
e descompassada
jogou no lixo
os relógios velhos.

Quanto tempo jogado fora!

Domingo pela manhã,
o padre reza missa
preparando o povo
para o final dos tempos.

Enquanto isso
o catador de entulhos
ajoelhou-se frente a tesouro
tão valioso,
juntou todas as horas mortas,
guardou-as dentro de seu saco
e murmurando uma prece
soprou-lhes vida.

Mais que depressa, as horas voltaram a passar!


Um comentário:

Anônimo disse...

Meu querido Amigo, sem palavras para dizer o que senti ao ler o seu Poema!
Tenho pena de, por vezes,quando me emociono,ñ ser capaz de dizer seja o que for!
Este meu temperamento...
Mas sabe,lembrei-me da maneira como as nossas coisas são tratadas,quando partimos.
Quantos "relojoeiros" mal fecham os olhos,são esquecidos,são menosprezados...Bela metáfora,pq o tempo continua e para alguém fomos importantes.
Desculpe, meu querido Poeta,roubar tanto espaço,para deixar falar apenas a emoção sentida...
Beijo.
isa.