quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
DIAPASÃO
DIAPASÃO
Oswaldo Antônio Begiato
Em que paliativos
Ocultaram-se as cifras
Do braço de meu violão?
Em que placebos
Ocultou-se o braço
Do meu violão?
Em que mentiras
Ocultou-se
O meu violão?
Como faço agora
Se vivo de afinações
E só sei tocar de ouvido?
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
CANTO GREGORIANO
sábado, 23 de janeiro de 2010
COLAR
COLAR
Oswaldo Antônio Begiato
Ajuntei aqui e ali algumas pedrinhas
Que encontrei perdidas pelo chão
Enquanto meus passos se apagavam de ti:
-Uma esmeraldinha pálida de susto
Com as quinas quebradas e cheias de limo
Por conta de um amor desesperançado;
- Um rubi, cor de rosa e já escangalhado,
Com as veias vazias e o coração mudo
De tanto amar intensa e inutilmente;
- Uma safira querendo embranquecer,
Opaca pelo passar de mão em mão
Que lhes foram deixando sem o olhar intenso.
Com elas fiz este colar, amarrado com tristeza,
Que agora te entrego às portas de minha partida:
- Deixo-o para ti como prova de minhas saudades.
Comigo levo apenas aquele seixo rolado pequenino
Por mim recolhido de dentro de tuas águas passadiças,
Onde vou repousar minha cabeça livre e leve e sem sonhos.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
PENINSULAR
PENINSULAR
Oswaldo Antônio Begiato
De que madeira serão feitas as portas de Portugal?
Para que caminhos inusitados levarão elas, agora que foram abertas?
Em que jardins nascem os espinhos da Espanha?
Quais cicatrizes poderão eles fazer com as saudades minhas?
De onde chegam as naus nos portos de Portugal?
Que tipo de gente elas trazem todos os dias em seus porões?
Que guerras farão as espadas da Espanha?
Quem são os guerreiros sábios que lhe aumentarão os limites?
Oh! Península Ibérica,
Por onde, com botas impermeáveis,
Caminham agora os meus mestres,
Hei de te conhecer um dia,
Sob o teu sol e sob tua neve
E hei de calcinar essa minha curiosidade
De portas e de espinhos,
De portos e de espadas.
sábado, 16 de janeiro de 2010
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
DUAS POESIAS SOBRE A POESIA
RIMA DE VIDA
Oswaldo Antônio Begiato
Que a poesia atrevida
encha sua vida vívida
até a boca
e se derrame toda ávida,
inundando a minha vida
lívida.
É que minha vida lívida,
cheia de si mesma
e tão pouca,
sem nenhuma dádiva,
é irmã siamesa da sua;
vívida.
Derrame sua poesia divina
nessa minha vida,
tão plena de dúvida,
e sejamos rima de(vida):
- Eu e você, para sempre;
faça sol, faça chuva!
A sua poesia alivia a minha vida árdua.
SINAIS VITAIS
Oswaldo Antônio Begiato
Primeiro nasceu o menino,
Na terra, na roça;
Depois nasceu o poeta,
Na terra da santa;
Por último o homem
Na terra da uva.
Por isso sua poesia é
Um pouco semente,
Um pouco promessa,
Um pouco colheita.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
PRESENTE DE NATAL
PRESENTE DE NATAL
Oswaldo Antônio Begiato
É assim:
- Arrumando uma caixa velha minha,
esquecida em um canto do meu guarda-roupa,
achei este último exemplar virgem
do meu primeiro livro de poesias,
escrito com minhas mãos ingênuas,
feito artesanalmente e que tive,
quando de sua visita à minha casa,
oportunidade de lhe mostrar.
Houve uma promessa guardada,
até hoje, em minha memória cansada.
Ele está velho,
carcomido pelo tempo, pelas traças
e pela simplicidade de um moço
que ainda sabia amar.
É o penúltimo que sobrou
dos poucos que minhas economias suportaram pagar.
Não sei se estou dando valor maior
- certamente estou -
do que tem o livro que sequer nome ganhou,
mas para mim é uma preciosidade,
pois sei apenas o destino deste agora
e daquele que lhe mostrei, cuja guarda tenho
(era de meus pais e o recebi de volta
por ocasião do falecimento deles
e por força de um testamento tácito).
Mando-o pela costa veloz do Noel.
Se não gostar, pode jogar fora,
ou me devolver.
(em nenhum caso ficarei chateado).
Se guardar ser-lhe-ei eternamente grato.
É tudo o que esse pobre bardo pode lhe dar neste Natal,
na vã tentativa de retribuir modestamente
as muitas delicadezas que me fizeste.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
ANIS E ALCAÇUZ
ANIS E ALCAÇUZ
Oswaldo Antônio Begiato
Há palavras bem ditas.
Há palavras mal ditas.
Há palavras não ditas;
essas são as sensatas.
Ora, a mulher que amo
tem beijos com gosto
de anis-estrelado:
- Quando me beija
viro céu fragrante;
tem beijos com gosto
de raiz de alcaçuz:
- Quando me beija
lacra-nos insanos.
Coerentes, guardamos
as palavras medidas
sem nossas pronúncias.
Tiramos a palavra
da boca, um do outro.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
sábado, 2 de janeiro de 2010
DOIS MIL E DEZ
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