terça-feira, 26 de maio de 2009

IRRACIONAL


IRRACIONAL
Oswaldo Antônio Begiato

E tu, que de tão irracional,
Me veio amar assim tão bela,
Tão intensamente insensata,
Tão espantosamente desregrada.
Tão menina. Tão frágil. Tão volúvel.
Tão corajosa. Tão intrépida.

Dizes-me que eu estou sempre cheio de razão,
Mas dominado pelo medo.
É verdade. Razão e medo são irmãos
Gerados em uma superfecundação heteropaternal:
- Engano e Costume
Aproveitaram-se dos óvulos férteis da insanidade.

A razão enfeia as pessoas.
Quanto mais irracional, mais belas ficam.

Eu cheio de razões e medos fiquei tolo.
Eles me levaram a um enclausuramento de mim mesmo.
Fiquei feio. Fiquei torto.

Bonito é o irracional. Vou ser insensato.
É a insensatez que se engravida dos amores mais belos.

Por isso não chores.
Quero-te olhando, não te quero chorando.
Desejo que possas sempre estar com os olhos livres
Para poder olhar. Poder me olhar.
Olhos livres não se fazem com lágrimas.

Quero, a partir de agora, ser a tua paisagem mais irracional.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O POETA EM SI


O POETA EM SI
Oswaldo Antônio Begiato

Enquanto vela
Me velas.
Enquanto chama
Me chamas.

Defunto obtuso de mim mesmo,
Lacro minha boca cheia de perguntas
Com um silêncio quase eterno.

Há, contudo, um vulcão dentro de mim
Que se torna eruptivo quando tua boca
Toca levianamente este meu silêncio.

E teus beijos impregnados de fogo,
Sob as luzes da vela quase impassível
Vindas da chama quase efêmera,
Ressuscitam os versos que não posso enterrar.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

SEREIA



SEREIA
Oswaldo Antônio Begiato

Canta-me!

Se me cantares
prometo,
com as mais ternas palavras
que eu puder recolher
no poço dos desejos,
jurar-te amor eterno.

Apenas canta-me,
porque encantado
já estou.